Outra coisinha...

Não crie raízes em solo areoso, assim como não espere encontrar aguá em seu mais novo esconderijo, é preciso ser adaptável e constantemente ligeiro, toda mudança é um passo para o crescimento... Acredite apenas em si mesmo!


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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Carta - "Whisky e Calcinhas"

Pai? Jura? Nossa que surpresa!
Pois é, na minha situação não saberia o que fazer,
esse negócio não é mais pra mim.
Você é uma pessoa de sorte...
Queria ela ao meu lado!
As portas do cemitério estavam se fechando,
ao por os pés pra fora daquele local
percebi o quanto ele cheirava a flores,
eu podia decifrar o cheiro de gasolina e de álcool perfeitamente
devido o odor impregnado em mim.
O gosto salgado de minhas lágrimas não me deixavam surtar,
perder a razão de realidade e pesadelo.
Antes fosse um pesadelo...
A caminhada até o pé de minha cama
foi longa... Por horas, segui enfrente...
por várias ruas passei,
algumas delas por mais de uma vez.
Não sabia o que eu estava fazendo apenas pensando... Nela!
Nem sei ao certo por quantos dias mal sai de casa,
ou até mesmo de meu quarto.
Minha mãe toda preocupada comigo, coitada,
me espiava por inúmeras vezes pelo vão da porta
procurando me consolar... Não havia consolo!
Toda a dor pela qual estava passando, era necessária,
a recuperação era somente minha,
dependia somente do meu amor por mim mesmo.
Até eu descobrir isso, vaguei feito fantasma, feito vagabundo...
Andei por ai conhecendo quem não devia,
satisfazendo minhas magoas no álcool,
de boteco em boteco, de pronto socorro a hospital,
uma morte em vida...
Para não matar minha mãe de desgosto
acabei ficando quase um ano dentro de casa,
preso, aprendendo a virar homem, se tornar  maduro.
O sacrifício de minha mãe a deixou doente,
devido a sua vida de fumante a levou ficar de cama,
câncer... Acho que não preciso descrever isso!
Conheci uma pessoa que me ensinou a trabalhar,
a apreciar Whisky, e ignorar as mulheres.
As vendas de carro estavam em alta,
devido ao baixo custo dos impostos,
por Deus, por sorte, foi a minha salvação.
E quando parecia que tudo ia melhorar,
minha mãe faleceu seis meses depois...
Mais uma vez retornei aquele local deprimente com cheiro de flores...
Comprei muitas flores de jasmim,
deixando meu ser formar oceanos de lembrança,
as vezes turbulentas, mas sempre com ela... "O meu Deus!",
as mães deveriam ter esse subtitulo "Deusas"
sempre me resgatando dos caminhos errados.
Ela se foi, eu prossegui...
Meu mestre e mentor me apresentou os melhores Whiskys,
as mulheres mais gostosas das casas noturnas.
A cada amanhecer de domingo a mesma garrafa de Whisky,
uma mulher diferente, uma calcinha de medalha.
Elas não se importavam por eu levar suas partes de baixo,
e ainda me perguntavam: "Quando será a próxima vez?",
respondia sem demora "Logo!"
e nunca haveria uma próxima vez.
O interesse de cada uma estava nas notas,
na sincronia dos peixes e no rugido das onças...
Meu mal necessário, minha perdição controlada,
minhas medalhas penduradas em um armário de relíquias no sótão.
Estou podre de rico assim como minha alma apodrecida,
vivendo esse cotidiano sujo,
onde cada pessoa quer comer a outra
metaforicamente/literalmente falando.

PS: Vou sair daqui à pouco, felicidades ai, Papai!

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