Outra coisinha...

Não crie raízes em solo areoso, assim como não espere encontrar aguá em seu mais novo esconderijo, é preciso ser adaptável e constantemente ligeiro, toda mudança é um passo para o crescimento... Acredite apenas em si mesmo!


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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Carta - "Núpcias, Camarões e Náuseas"

“Uma leve brisa entra pelos vãos das venezianas, me causam arrepios e uma sensação de angústia.”


Sem saber da onde vem esse sentimento, procuro coisas pra fazer e distrair a cabeça. Ao ligar o computador para te agradecer pela sua surpresa, leio seu e-mail... Meu Deus... Tumor? Sem palavras...
“Sinto a boca seca, não sei como te consolar... Me sinto um péssimo amigo.”
Graças ao seu presente pude apreciar aquela ilha maravilhosa, cheia de árvores e flores, a Ilha do Arvoredo, linda, sem palavras. O casamento, todos dançando e bebendo, eu e ela sorrindo, uma alegria que foge da razão. Nunca pude imaginar que existia esse tipo de sensação, se compara com os presentes ganhos quando criança em noites de Natal e aniversário... Não, essa sensação era muito melhor. A noite foi caindo, ela devorando os camarões nos espetos, parecia uma ursa esfomeada devorando tudo a sua frente “Eu não posso passar vontade, tenho que experimentar, principalmente esses camarões que estão divinos”. Ela podia até me comer se eu reclamasse, que seja aqueles benditos camarões. A cada espetinho sendo devorado, ficava imaginando pra onde ia tanta comida, acho que preciso arrumar um emprego melhor.
“Após saciar sua fome, sentou-se mais próxima encostando sua cabeça em meu peito como o dia da borboleta negra. Toda aquela paixão ainda existia em mim, todo aquele amor era cada vez maior. Passou a mão em meu rosto e com a outra acariciando o barrigão me pediu pra leva-la até nosso quarto no hotel.”

Ao chegarmos ao nosso quarto, ficamos admirados com o luxo. Até pista de dança tinha, umas luzes muito doida abaixo do piso. Com aquela chance, uma última música antes do relógio marcar meia noite e a luz da lua atravessar os vidros da porta da sacada.
“Deitou-se ao meu lado, podia sentir o cheiro do perfume que dei a ela em nosso primeiro encontro. Deixei minhas mãos invadirem sua intimidade, com beijos estratégicos...”
Ela exclama: - Para, para, para! O que fiz de errado? Ela disse que nada, estava com náuseas. Passou a madrugada pondo os camarões pra fora. Eu acordado, velando por seu sono!
“Podia sentir suas respirações, a cada suspiro tocando meu braço, a cada gemido espalhando-se por aquele enorme quarto, era impossível tirar os olhos dela, assim como me conter sem toca-la. Uma pele macia, tanto quanto a areia espremida entre meus dedos horas mais cedo. Os olhos ainda com maquiagens, a boca o brilho já não mais existia depois de tantos enjoos, umedeci um algodão e com toda sutileza do mundo retirei todo aquele desenho em sua face, estava transbordando de felicidade em tê-la ali, ao meu lado, podendo ser seu guardião, seu protetor.”

Aproveitamos ao máximo cada canto da praia, cada quebrar de ondas, cada golfinho que pudemos observar com seus treinadores. Duas semanas naquele paraíso natural, nos deu tempo de sentir saudades de casa, do conforto de nosso lar, que nenhum lugar pode nos oferecer.
Obrigado meu amigo, você tornou capaz um casamento perfeito, do qual achei que seria só no papel. Só uma coisa, como conseguiu falar com meu sogro e combinar tudo isso? Bom, não importa, tudo foi muito perfeito! E realmente estou muito surpreso com essa notícia, mas acho que é apenas mais um teste pra você perceber o quanto és forte. Já superou muitos obstáculos e este não será diferente, estou aqui para o que der e vier, pode contar comigo pra tudo. E mais uma vez... Obrigado pelo casamento!

PS: Vou te visitar em minha próxima folga do trabalho, tudo bem? Me ligam, se eu puder te ajudar em algo. Abraço!

domingo, 29 de janeiro de 2012

A Carta - "Desejos Submersos"





Não sei como começar a te pedir desculpas,
mas creio que ao final desse e-mail, irá entender.

"Senti o ar entrar sutilmente nos pulmões, preenchendo cada espaço em um suspiro longo e comecei a escrever. Suas mãos estão levemente dormentes, a vista um pouco turva, uma leve tontura... Pega o copo na comoda ao lado, está pela metade. Antes mesmo de beber deixa-o cair sobre as pernas, molhando todo edredom com estampa de nuvens. Não tem tanta força nos músculos. Pede a enfermeira para ajuda-lo, novamente o copo é recarregado com mais uma dose... De água!"
Meu mundo está sendo evoluído
e eu em regresso a infância,
onde dependo dos cuidados de uma pessoa
e essa nem mesmo é da minha família...
Alias, nem tenho um parente próximo
nem mesmo um amigo pra me aconselhar,
porque o que se dizia "amigo" me levou a riqueza,
porém, agora quase inválido nem mesmo um telefonema.
Deve estar atrás de um novo pupilo,
de um novo inocente,
para arrasta-lo ao mundo de desejos submersos,
esses por qual muito tempo
me deram momentos de alegrias,
satisfações momentâneas.
Como você já sabe o copo quase não saia da minha mão,
na minha sala da empresa uma garrafa tinha seu canto especial,
ali só bebia dela eu e o meu "amigo".
Sempre no final do expediente uma dose ou três eram apreciadas,
ou a garrafa toda.
Em seguida pneus na estrada e lá estávamos nós
em mais uma noite de calcinhas de todos os tipos,
dinheiro não era problema,
apenas as horas que passavam em um piscar de olhos.
Meia-noite, uma ou até duas da manhã
estava eu chegando em casa
me arrastando até a cama
com sono... Bêbado!
Por muitas vezes caia no sono no sofá,
a maioria das vezes... Sempre!
"Seis da manhã, o relógio desperta, movimenta o braço sem calcular a força e distância, consegue desliga-lo quebrando em partes ao cair no chão. Sente vontade em fazer isso com sua própria cabeça latejando, junto de um coração acelerado. Levanta...  Trombando com as paredes até chegar ao banheiro. As roupas ainda são do dia anterior, o cheiro de álcool, as marcas de batons baratos em suas variadas cores, mais uma motivo de reclamação da empregada: - Não da pra tirar antes a roupa pra fazer o que necessita estar sem? Mais uma pontada na cabeça! Sente a água gelada nos cabelos melados de champanhe, sente o frio lavar sua alma e desinfetar os resíduos corporais de outras pessoas... Mulheres! Sente nojo de si mesmo, mas mesmo assim segue-se a próxima noite. Satisfazendo apenas desejos... Desejos ilusórios, não é o que realmente deseja!"
Fiquei na banheira por alguns minutos,
bem mais tempo que imaginei...
Faço daquele espaço meu leito,
imaginando como seria estar morto?
Que pergunta besta, mas realmente queria saber!
Deixo a água chegar até as beiradas,
sinto meu corpo todo submerso em um silêncio sagrado
podendo sentir e ouvir o ar passando pelas minhas narinas.
Nenhum som, a não ser meu próprio coração se acalmando
aos poucos, vagarosamente, sem pressa!
De olhos fechados, ali... Tudo estava em paz,
até a empregada bater a porta e gritar meu nome.
Ela deve pensar que sou algum tipo de suicida,
por passar horas e horas dentro do banheiro,
ela estava certa!
Todos aqueles momentos
agora percebo o quão estava me matando aos pouco.
Essa cama pra mim é um castigo,
só não é tão pior ao descobrir...
Que estou morrendo!
As minhas chances são poucas,
assim disse o médico um dia depois do seu casamento.
Enquanto me arrumava para ir ao seu casamento,
acabei desmaiando,
na verdade um ataque de convulsão
e não havia uma alma por perto para me ajudar.
Minutos depois,
voltando da lavanderia
a empregada me viu todo estirado no chão do quarto
com a boca toda babada.
Fui dar por mim dois dias depois no hospital,
já em sã consciência recebi a notícia
de que tenho um tumor no cérebro,
e por algum milagre
ainda não paralisou partes do meu corpo.
E foi assim que perdi seu casamento!


PS: Peço desculpas, embora acho que não preciso disso!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Carta - "Luau Azul"

Noite de Lua Azul, presente melhor não poderia ter recebido de meu sogro. Alugou uma casa de praia, organizando todo o casamento de frente com o mar. O Sol estava nascendo, enquanto degustava o chocolate quente de minha sogra. Fui arrumando as cadeiras para os poucos convidados, somente para os amigos verdadeiros, para os poucos da família que não são falsos. Ao por a primeira cadeira na areia úmida, percebi um cheiro de flores, estava ali, o altar em que iria me unir a ela em corpo e alma. Lindo, todo decorado de madeira em um verniz brilhante, com flores todas decoradas "Crisântemo"... A praia estava linda, ondas quebrando nas margens suavemente, a areia macia sendo apertadas contra os dedos dos pés, uma sensação de paz, ansiedade, nervosismo... Finalmente meu sonho estava se realizando! Os objetos foram colocados aos seus postos, cada peça em branco, cada detalhe em roxo, cada poste de luz em seus cantos. A horas pareciam minutos, eu precisava me arrumar... O Smoking por medida, parecia sufocar minha calma, estava ansioso demais... Mãos gélidas junto de uma transpiração incontrolável, meu sogro entrou no quarto:

"Garoto, deixe-me te falar algo. Não estou arrependido de nada, muito menos infeliz com esse casamento... Porque eu acredito que você irá fazê-la feliz, como já esta fazendo, a alegria dela é o que me importa... {Me deu um abraço e continuou} Eu te abençoo meu filho, que meu Deus seja tão mais perfeito pra você como foi pra mim, me dando uma mulher maravilhosa, respeitosa e um anjo de filha que tenho."

Aquelas palavras fizeram todo meu suador desaparecer, me trazendo a calma que necessitava. Lento e passivo o por-do-sol deixou a noite nos surpreender... Já se fazia presente alguns dos convidados mais próximos, cada pessoa reparando os arranjos, para ter o que comentar durante a festa. Eu procurando pensar o menos possível no "Aceito".Não é medo, como disse antes, ansiedade, só de imaginar que após tudo isso, seremos "eu e ela", sim claro, meu anjinho faltando apenas 3 meses para nascer.

"Ela observa o espelho, procura ver se está claro o suficiente, para detalhar cada canto de sua face com a maquiagem perfeita. Unhas lindamente em tons claros, cabelos exuberantemente acomodados, ajeitados com mãos cirúrgicas. Um brilho nos lábios, para não marcar aquele que a faz sonhar todas as noites, chorar quando o vê triste, ama... Ama de todo coração! O Vestido Branco, uma princesa, um anjo de caldas floridas, se preocupa em não amassa-las. Algumas "Fadinhas" a ajudam a descer a escada, seu pai deixando escorrer uma lágrima a espera no último degrau, ela sorri... Ele se rende a nascente em seus olhos! Em segundos se recompõe, pegando um lenço branco em seu bolso, não enxuga suas lágrimas, mas retira uma mancha na pontinha da orelha dela, sobras da maquiagem... Ele beija suas mãos! Nenhuma palavra precisa ser dita..."

Uma brisa soprou em minha nuca, lá estava ela, a lua azulada, começou a nascer, a segunda nesse mês, um fato raro, assim como a posição de meu sogro. Ela surgiu no horizonte toda majestosa, brilhante, chamando toda atenção pra si. O mar estava calmo, as pessoas sorrindo, fofocando a roupa da outra, bem dizendo meu nome, algumas invejando, e outras mais orando por nossa união, como eu sei disso? Eu não sei! As pessoas são assim, cada qual com sua personalidade, nem por isso são pessoas ruins. E quando todos menos esperavam as luzes foram apagadas... A lua... Outras luzes começaram a se ascender, tons azuis iluminando o branco, o pastor logo atrás de mim pondo as mãos em meus ombros indagando "Parabéns!"... Uma criança fez o caminho da noiva, acendendo na areia chamas em uns suportes próprio, outros dois castiçais sendo acesos ao meu lado... Uma música de fundo começou a tocar, não era a de casamento tradicional... Ben Harper - Waiting on an angel, foi ela quem escolheu.

"Ela sentiu um frio tomar seu estomago, uma tremedeira incontrolável nas mãos, seus olhos correram pelos arranjos de flores sendo iluminados por uma trilha de chamas, um cordão que a levava até ao altar, agradeceu em silêncio seu pai apertando suas mãos contra a dele... Ele sorriu! Seguiu seu desejo!"

Por Deus, nunca vi uma menina/mulher tão linda, descalça na areia vindo em minha direção, a lua... Ela, estava gravando em mim um momento único. Todo aquele lugar decorado, as flores e as luzes... Faziam meu coração acelerar de alegria, satisfação! Passo a passo eu sentia um calafrio...

"Passo a passo, ela tremia..."

Enfim, seu pai esticou a mão em minha direção, levando a minha a se encontrar com a dela... Um sorriso se abriu nos lábios de todos ali presente. Levantei o véu sobre sua face e nos viramos para o altar, a cerimônia começou. Meus calafrios cessaram...

"Sua tremedeira cessou!"
"Eu os declaro marido e mulher, pode..."
Antes da conclusão a beijei...Um beijo demorado, cinematográfico, só conhece quem ama, quem seja de toda alma ter aquela pessoa pra vida toda! Fogos iluminaram o céu por de trás do altar, assuntando o pastor, fazendo-o dar um salto enorme de susto, que maldade! Todos rindo, todos desejando logo a festa! As areias sendo movimentas por pés descalços, refazendo o caminho de chamas, posando para fotos... Estávamos transbordando em alegria!
"Ela sente uma mão correr para sua barriga, ele de joelhos a beija, ele sabe que aquela criança terá todo amor do mundo. Ela sabe que terá os melhores amores do mundo!"
A lua azul se fez presente, e trouxe com ela toda a paz e harmonia. Deus se faz presente nos pequenos detalhes, nos momentos menos atentos, porque Ele é a verdadeira essência, o mais puro amor!

PS: Não acredito que não apareceu no meu casamento. Te enviei o convite, falando que sua presença era mais do que esperada, alias, você era o meu padrinho. Perdeu a minha melhor festa, o meu casamento!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Carta - "O Silêncio e as Pedras de Gelo"

Sala escura dominada pelo silêncio,
um pequeno tripé de luz sobre a mesa de centro,
claridade tão baixa visível somente o copo vazio...
o meu vazio!
A garrafa está no chão pela metade
assim como a minha sanidade,
uma monotonia dilacerante
junto de um tédio grotesco... 

Uma paz indesejável!
Nenhum som, nenhum ser, me vejo só,
totalmente entregue aquele copo,
alias, esse tem som...
As pedras de gelo caem estridente contra o vidro
ecoando para dentro de minha alma
causando um alvoroço na “minha calma”,
despejando lembranças sórdidas,
nostalgias de um passado muito passado.

“Me enxergo ainda uma criança humilhada, onde os riquinhos zombavam de meus chinelos remendados, me fazendo procurar amigos dentro de um orfanato. Todo dia próximo da hora do almoço pulava o muro do orfanato para brincar com as crianças e aproveitar a comida da Dona Aurora, uma senhora gordinha sempre de lenços na cabeça, sempre com aquele sorriso da cor da noite e olhos refletindo o oceano, sua feijoada fazia jus as suas raízes.”
O efeito do álcool começam a me possuir,
tudo que vejo, os objetos, parecem dançar valsa
uma coisa totalmente desfocada,
junto de um vento frio, talvez do copo gelado.
Sentado nessa poltrona, todo jogado,
me faz lembrar ela,
se jogando por cima de mim na cama
junto de uma reclamação, que sou espaçoso...
Mais uma dose junto de umas pedras
quebrando o silêncio.
A cada gole sentia abrir as portas para o desconhecido,
no escritório sozinho...
Nenhuma música,
nenhuma mulher,
nem mesmo a empregada estava presente,
sendo assim decidi que era hora de dormir.
Levantei de um jeito todo estabanado,
derrubando meu copo, a garrafa... Vazia!
A cada degrau em direção à cama
parecia me castigar com pontadas na cabeça,
uma dor a ponto de querer batê-la contra a parede,
algo não estava bem em mim...

Geralmente sinto isso só no dia seguinte.
Longos dez minutos se passou
até conseguir sentar a cama...

O dia lá fora estava claro e cinzento ,
um dia chuvoso, os galhos na janela,
se batendo, se contorcendo do lado de fora
como se quisessem entrar...
Estava tudo rodando!
Não sei ao certo o que vi ou o que ouvi,
mas eu vi... Ela...

“Surgindo do breu, levitando, com um olhar triste, vindo em minha direção. Olhos fixos aos meus, os cabelos flutuando para todos os lados como em câmera lenta, ficando a um palmo da minha face, deixou escapar um sorriso... Eu chorei!”
Tentei passar a mão em sua face
e tudo se desfez como areia,
escapando entre os dedos
desaparecendo antes mesmo de tocar o chão .
Tudo parecia tão real... Ilusão?
Loucura talvez, mas não, eu senti o perfume dela!
Tenho certeza disso, mas como provar algo
que não se pode ver apenas sentir?
Isso é o que me sobrou, sua fragrância!
Sua alma?
Os meus sonhos!
Neles ao menos posso toca-la... Senti-la!
A escuridão do meu quarto...
Lembro apenas disso!
"No dia seguinte estou nu
estirado no chão do banheiro
com um corte profundo no supercílios,
não sei o motivo,
nem lembro do acontecido...
Como estou sendo auto-destrutivo!"
Sei que minha vida tem sido fútil,
achando que o dinheiro compra tudo,
porém essa não foi a criação que tive...
"Minha Deusa" me ensinou que a simplicidade é a chave
de todos os corações!

Foi o último pedido dela:
"Seja humilde meu filho, me prometa isso!"
Eu prometi...
Apenas não comecei a cumprir com minha palavra!

PS: Estou com fortes dores de cabeça, e te relatar isso, deixou a vista um pouco turva, vou descansar um pouco. Não esquece do meu convite!

sábado, 21 de janeiro de 2012

A Carta - "Simples Detalhes"

Acho que estou me acostumando com o fato em ser pai. Na verdade estou amando! Achei que meus pais fossem surtar, até que minha mãe reagiu bem... Ela estava na mesa de jantar, tomando seu café com umas torradinhas rebocadas com geleia de uva:
"Mãe tenho uma coisa pra te contar, eu..."
"Eu o quê muleque? Fala logo!" Seus jeito grosseirona...
"Eu vou... Ser pai!"
Sentei à mesa... Em um movimento impulsivo já me preparando pra gritaria, colocando as mãos no ouvido e abaixando a cabeça, fechei os olhos e aguardei as ofensas...  Um silêncio total, nenhum grito, nenhuma palavra se quer, olhei novamente pra ela... Aos prantos, os soluços se iniciando, aumantendo vagarosamente, a colher sendo deixada sobre a mesa... Um último gole demorado do pretinho que eu odeio, tomou folêgo respirando fundo,  "Agora começa a resmungar, pensei", estava quase certo:
"Você chega com essa notícia na hora do meu café, interrompendo o único momento que tenho paz pra me dizer que será pai? Me dá um abraço, seu anta! Avó?"
"Sim, mãe!"
"Quantos meses? Faz tempo?"
"Um mês e meio... Fiquei sabendo ontem, aquela hora que sai correndo com você entrando pelo corredor."
"Mas e os pais dela?"
"Pois é, vamos nos casar!"
Aquele bafo de café me beijando, me apertando e dizendo que estava muito feliz, me deixou totalmente surpreso. Na verdade os dias tem conspirado pra mim de uma forma surpreendente, igual ao escritor W.Trindade "A vida é um Kamikaze, ele gira-gira, para em seu ponto mais alto, o que pode significar seu sucesso ou seu abismo, retornando ao seu ponto inicial". Ele quer dizer que a vida é um ciclo vicioso, em que você pode fazer dela um mar de rosas ou um abismo de espinho, você escolhe se deseja ser feliz ou não, e após fazer suas escolhas surpresas podem acontecer. Espero que quando o meu Kamikaze voltar ao ponto inicial, desejo ter deixado boas recordações, um nome pro meu filho se orgulhar e dizer "Esse foi meu Pai!". Minha mãe, essa é um poço de mistérios, esforçada... a vida lhe ensinou a ser assim, durona, cara de pau, já meu pai, faz o tipo Frouxo, morre de medo dela quando discutem, então fica calado... Brincadeira, ele respeita muito ela, e admiro isso nele! Alias, que mulher não é estressada de TPM?
To te escrevendo só agora, três meses depois, porque minha namorada tem estado muito manhosa, carente, será que toda mulher quando grávida fazem isso, chamar atenção pra elas? Corrigindo, minha noiva! Pois é, noivamos mês passado. Ela vive me pedindo pra comprar umas coisas diferentes, diz que tá com desejo, e eu bobão do jeito que estou... Vou correndo! Exceto quando estou no trabalho, pois é, graças a Deus consegui um emprego. Estou trabalhando como segurança de um mercado, não ganho muito, mas já é o suficiente pra suprir as necessidades.
Já aproveitando por meio desta carta, estarei enviando a você o cartão do meu casamento daqui a dois meses. Meu sogro ta cuidando dos preparativos, então nem sei como será ou onde ocorrerá, assim que tiver uma resposta te aviso.
Ela esta de quatro meses, barriguinha já aparecendo... Quando me deito a seu lado, amo ficar sobre seu seios alisando a "inchadinha", imaginando o que me espera. Um cafuné gostoso e longo, me dando todo o carinho, eu não tão diferente em minhas caricias. Peguei sua mão, levando sua palma até meus lábios beijando cada ponda dos dedos, cada canto, cada detalhe, cada traço daquela mão tocando minha face. Do centro subindo aos beijos pelo braço, até chegar na base do pescoço, em direção aos ouvidos... Eu te amo! Não cansava de dizer, de amar! Deitamos em conchinha, e conversamos por horas até cair em um no sono gostoso. Vê-la dormir, vê-la suspirar, fazia meu ser transbordar de amor, de paz, uma alegria fora do normal, esquecendo de todas opiniões contraditórias. Esses simples detalhes, me faziam crer que existe um Deus imenso cuidando por nós, chorando junto, a cada momento como esse. Simples momentos fazem da vida algo nostálgico em um futuro presente não tão distante, são as fontes de superações de todas preocupação ou desafeto. Não existe coisa mais divina em ser pai, transforma nós homens em um poço de sensibilidade, um mar de emoções... É como se fossemos tocados pelos anjos, tomando o posto de Guarda-Costa! Não consigo conter minha alegria!

PS: Nossa, não sabia também de sua mãe... Imagino como tem sofrido e se sentindo só, se for possível, passa em casa, ai conversamos melhor! Abraço Cara!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Carta - "Whisky e Calcinhas"

Pai? Jura? Nossa que surpresa!
Pois é, na minha situação não saberia o que fazer,
esse negócio não é mais pra mim.
Você é uma pessoa de sorte...
Queria ela ao meu lado!
As portas do cemitério estavam se fechando,
ao por os pés pra fora daquele local
percebi o quanto ele cheirava a flores,
eu podia decifrar o cheiro de gasolina e de álcool perfeitamente
devido o odor impregnado em mim.
O gosto salgado de minhas lágrimas não me deixavam surtar,
perder a razão de realidade e pesadelo.
Antes fosse um pesadelo...
A caminhada até o pé de minha cama
foi longa... Por horas, segui enfrente...
por várias ruas passei,
algumas delas por mais de uma vez.
Não sabia o que eu estava fazendo apenas pensando... Nela!
Nem sei ao certo por quantos dias mal sai de casa,
ou até mesmo de meu quarto.
Minha mãe toda preocupada comigo, coitada,
me espiava por inúmeras vezes pelo vão da porta
procurando me consolar... Não havia consolo!
Toda a dor pela qual estava passando, era necessária,
a recuperação era somente minha,
dependia somente do meu amor por mim mesmo.
Até eu descobrir isso, vaguei feito fantasma, feito vagabundo...
Andei por ai conhecendo quem não devia,
satisfazendo minhas magoas no álcool,
de boteco em boteco, de pronto socorro a hospital,
uma morte em vida...
Para não matar minha mãe de desgosto
acabei ficando quase um ano dentro de casa,
preso, aprendendo a virar homem, se tornar  maduro.
O sacrifício de minha mãe a deixou doente,
devido a sua vida de fumante a levou ficar de cama,
câncer... Acho que não preciso descrever isso!
Conheci uma pessoa que me ensinou a trabalhar,
a apreciar Whisky, e ignorar as mulheres.
As vendas de carro estavam em alta,
devido ao baixo custo dos impostos,
por Deus, por sorte, foi a minha salvação.
E quando parecia que tudo ia melhorar,
minha mãe faleceu seis meses depois...
Mais uma vez retornei aquele local deprimente com cheiro de flores...
Comprei muitas flores de jasmim,
deixando meu ser formar oceanos de lembrança,
as vezes turbulentas, mas sempre com ela... "O meu Deus!",
as mães deveriam ter esse subtitulo "Deusas"
sempre me resgatando dos caminhos errados.
Ela se foi, eu prossegui...
Meu mestre e mentor me apresentou os melhores Whiskys,
as mulheres mais gostosas das casas noturnas.
A cada amanhecer de domingo a mesma garrafa de Whisky,
uma mulher diferente, uma calcinha de medalha.
Elas não se importavam por eu levar suas partes de baixo,
e ainda me perguntavam: "Quando será a próxima vez?",
respondia sem demora "Logo!"
e nunca haveria uma próxima vez.
O interesse de cada uma estava nas notas,
na sincronia dos peixes e no rugido das onças...
Meu mal necessário, minha perdição controlada,
minhas medalhas penduradas em um armário de relíquias no sótão.
Estou podre de rico assim como minha alma apodrecida,
vivendo esse cotidiano sujo,
onde cada pessoa quer comer a outra
metaforicamente/literalmente falando.

PS: Vou sair daqui à pouco, felicidades ai, Papai!

A Carta - "Um novo coração"

Recebi uma mensagem para ir até a casa dela... Mas antes precisava tomar um belo banho, aparar o matagal em minha face e respiração... A ansiedade estava me matando, roubando todo o oxigênio de meus pulmões. Abri a ducha deixando escorrer água gelada por todo meu corpo, lavando assim a minha alma manchada pelo pessimismo e angústia. A pele estava tão quente devido a esses dias tão abafados, mesmo com a água fria se formaram vapor no espelho. Deixei um recado pra mim mesmo, um recado que deveria ler ao voltar... Escovei os dentes em uma velocidade que me causaram ânsia. Me troquei tão rápido que nem havia percebido pares diferentes de tênis. Eu sabia que naquela conversa seria decidido tudo, o fim... Ou o meu desejo!
Quando cheguei ao seu portão, seu pai me aguardava com um olhar sério, só que pela primeira vez... Mais amigável! Ao entrar na sala ela estava sentada de um lado e a mãe do outro. Por um momento fiquei assustado... Cálido, olhei na direção dela, haviam anjos dançando em seu sorriso, me olhava profundamente tocando meu coração e dizendo “Está tudo bem!”... A face rosada junto de um brilho inexplicável irradiando daqueles pequeninos verdes... seu pai tomou a iniciativa: 
“Nunca fui com sua cara!”
“Pai..”
“Calma, deixe-me continuar... Nunca nos demos bem, nunca abri uma única brecha para tornar isso possível. Sou falho, errei muito com ela, comigo mesmo, e por consequência acabei perdendo todo meu respeito por minha esposa, discutindo e tudo mais, mas isso agora não vem ao caso. Fiquei sabendo do ocorrido no restaurante...”
“Senhor, eu...” 
“Derrubou o garçom na mesa de idosos, quebrando algumas coisas, e não pagando a conta. Por causa de uma mensagem... É, estou sabendo! Mas não o culpo, já agi assim, e sei o quanto é ruim se sentir ameaçado... Ciúmes é um sentimento traiçoeiro... Sem rodeios, o que eu quero dizer é que a partir de hoje, eu e minha esposa vamos dar a vocês todo nosso apoio, alias não é sempre que recebo a notícia de que serei avô!” 
“Avô? Pai? Eu?”
Não sabia se sorria, se chorava... Olhei para minha sogra com lágrimas nos olhos pedindo  confirmação:
"É verdade, serei pai?
Um sinal de sim com as mãos na boca segurando o choro...
"Sim, meu amor! Eu tô grávida!"
Num salto controlado, me ajoelhei debruçando sobre suas pernas, segurando sua face...
"Eu te amo!"     

 Ela sorrindo junto de um choro compulsivo dizendo que me amava, fomos interrompidos:
"Mas agora eu te pergunto, como vai ser?"
"Quero me casar com ela! Quero casar com você meu amor! Sei que estou desempregado, mas isso é por pouquíssimo tempo, consegui um trabalho, ou melhor, uma entrevista, vou me esforçar ao máximo... Pra que essa criança, pra que nós sejamos muitos felizes."
"Era essa posição que eu espera de você rapaz! Sei da sua situação, que tem passado por uma situação complicada, financeiramente falando... Enfim, vou fazer o casamento dos dois, não é nada demais, mas acho que isso merece uma festa..."
"Mas senhor..."
"Primeiramente, pare de me chamar de senhor! Segundo, é apenas uma forma de redimir com a minha família."
Sem palavras... Nada poderia ser mais perfeito, nada poderia me deixar mais feliz... Ser pai, ter meu amor de volta, e ainda mais ter a aceitação dos pais dela. Ele me puxou pra perto, com uma cara séria...
 "Toma juízo"
"Sim, senhor!
"Só uma coisa, quando for casar, cuidado para não usar um sapato diferente em cada pé!"
E uma surpresa a mais, e em um único abraço, os quatros juntos... Veio a mente a imagem da palavra no espelho... Fé!!!

"Acreditar, ter fé, cabe somente a você obter essa dádiva. Primeiramente deseje de todo coração o que se quer, então você obtém respostas quando menos esperar"

PS: Amigão, vou ser pai cara! Espero seus e-mails!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Carta - "Assim que você acordar"

A seu último e-mail me pegou de surpresa, não sabia que você tinha perdido a namorada assim. Sinto muito por ter te julgado mal, me perdoe. Eu entendo o que você passou, na verdade eu imagino, eu sinto que estou perdendo a minha também. Os meus erros, os erros dela, os erros dos pais dela estão nos afastando pouco a pouco... Acabamos dando um tempo! 
"Quando o coração fala mais alto que a razão, podemos contemplar toda a intensidade que ele pode proporcionar, paixão, alegria, ciúmes, dor... As dúvidas são o início do fim, a confiança o antidoto pra sua alma, sábio aquele que apenas ouve, tem todas as respostas pra si."

Em um momento de desconfiança acabei ofendendo-a de uma forma lamentável. Devo a ter assustado, primeira vez que ela me viu com chamas nos olhos, um ódio dos infernos, eu me vi pela primeira vez nesse estado.  Ela está trabalhando pra um "Cara", e justo em um dia que jantávamos em um restaurante à beira rio peguei uma mensagem estranha, ele se dirigindo a ela como "minha princesa"... Puta que pariu! Um Ódio, Uma Raiva... Qualquer outro teria agido como eu! Não deveria ter dito as palavras horrendas... Eu não pensei... Eu apenas comecei a falar alto com ela, batendo com força na mesa, espirrando comida de nossos pratos, deixando os olhos de curiosos nos devorar... Eu fiz tudo errado! O garçom tentou me acalmar... Pra quê ele foi se intrometer? Eu estava fora de mim, eu o empurrei fazendo cair sobre uma mesa de idosos que acabara de chegar. Enfim, fomos "convidados" a sair, e pagar pelos estragos, nada mais do que justo... Naquele momento não paguei merda nenhuma. Sai de lá sem pagar e discutindo com ela. Aquela noite, quando mais calmo, sugeri irmos pra um motel para conversar, rejeitou em um reflexo impressionante... De tanta insistência acabou indo.  Passamos a madrugada acordados um de cada lado da cama, sem trocar uma palavra... Cai em um sono profundo...
 "Podia enxergar o céu no teto de meu quarto, as estrelas, o universo... ela ao meu lado em um gramado feito algodão sorrindo ao ver as estrelas cadentes. Eu podia ver o paraíso naquele sorriso, o meu leito em teus seios, a minha boca no mais doce veneno do amor, um mal necessário... Não conseguia deixar de olhar o reflexo dos planetas naquele olhar congelado... Luzes brilhantes dançavam no céu, pareciam anjos, talvez apenas vagalumes, variadas cores que ofuscavam nossa visão... um sonho!"
Acordei com ela saindo do banho, abri um sorriso e lembrei o que eu fiz, tratei logo em me desculpar, não era o suficiente. Meus olhos ardiam naquele sol ao vê-la ela entrar em sua casa... Fui até o restaurante pagar o meu estrago. Não tinha dinheiro suficiente, alias desempregado, o dinheiro do seguro desemprego acabando! Acabei sendo humilhado de uma forma justa pela minha atitude, injusto o que eu fiz a ela. 
Uma semana inteira sem nos falar, mais de dois dias sem dormir, parecendo um zumbi, pensando "Será que ainda pensa em mim, minutos antes de dormir?". Precisava falar com ela. Fiquei mais de doze horas sem comer, plantado em frente a sua casa. Decidiu conversar comigo... Resultado da conversa... Terminou o namoro! Minha boca seca, a respiração ofegante, desespero tomando todo o corpo, implorando... Não! Foi apenas o que eu ouvi! Só cabia uma coisa a mim, aceitar.
 Fecho os olhos desde então todas as noites imaginando o que estamos perdendo, o que eu estou perdendo! "Nunca vou conseguir fazer outra pessoa ver as mesmas coisas que ela vê em mim!" Ainda me pergunto: Assim que ela acordar, será que vai lembrar de mim, ?
Em nenhum momento ela retrucou meus insultos, e nenhum momento agiu de forma hostil, isso que mais me corta o coração, ela engolir tudo calada... Poderia ter me dado uma bufetada na cara, mas não, nem mesmo um "Cala a Boca!"... É cara, to perdido, não sei o que fazer!
Acabei de receber uma mensagem dela... Disse pra mim ir até sua casa. Vou correndo lá, tchau!

domingo, 15 de janeiro de 2012

A Carta - "Lágrimas e o Sino"

Eu sei o quão sou repugnante,
a ponto de enojar muitas pessoas com minhas escolhas,
mas o que posso fazer se o mundo me fez assim?
Ela morreu sem poder se despedir de mim...
sem ao menos um último beijo.
Era um sábado quente de céu azul sem nuvens,
ambos grudados ao celular decidindo o local da diversão.
Estávamos tão apaixonados, bobos de amor...
Silêncio do outro lado da linha,
barulho de pessoas se aproximando
todas falando ao mesmo tempo,
enfim alguém pega o celular na mão...
"Alô, quem fala? Alguém ai do outro lado?"
uma voz me responde:
"A moça está caída aqui, acho que esta desmaiada..."
"Como desmaiada? Ela está machucada?"
"Não, ela falava ao celular e do nada caiu no chão,
mas fica calmo as pessoas aqui já estão ligando para o resgate."
Senti a cabeça pesada, o corpo mole,
o oxigênio faltando em meus pulmões...
Calmo? Como ficar calmo numa situação dessa?
Minha cabeça pensando um milhão de coisas,
imaginando trilhões de merdas, menos que ela...
morreria...
ali, naquela calçada fervente.
A ambulância chegou no local pouco mais de 10 minutos,
já não era necessário os serviços deles
ela teve uma morte instantânea,
uma aveia dentro de sua cabeça se rompeu
tendo então uma hemorragia interna.
Fui até o local de táxi, ela já não estava mais lá,
as pessoas que ali permaneceram
comentavam a morte de uma garota toda alegre
e despencando ainda com sorrisos nos lábios.
Mais ao canto da parede junto de uma moita
a pulseirinha que dei a ela em seu aniversário de 19 anos,
com a frase "Sorria, Eu te amo!".
Usava essa frase sempre que chegava próxima de mim triste,
quando discutia com os pais ou até mesmo comigo.
No hospital, a mãe dela chorando batendo em meu peito
repetia várias vezes "Porquê? Porquê?",
seu pai estava estático, parecia estar em um sonho... Pesadelo!

Eu já não tinha rumo, desejos, fé...
Naquele momento duas pessoas haviam morrido,
passei a ver o mundo com outros olhos.
Muitas coroas espalhadas pelo recinto,
assim como os familiares e amigos.
Nunca vi uma pessoa ser tão querida e amada,
ela era especial,
meu amor.
Tão próximo dela e ao mesmo tempo tão distante,
logo seria pra sempre,
logo seria... Lembranças, apenas lembranças.
Não sai um minuto do seu lado,
não deixei um segundo de olha-la,
nunca deixei de senti-la,
ainda a sinto como se ainda estivesse aqui,
ela está... Em meu coração, nos meus sonhos,
ela ainda vive em mim,
seu amor ainda corre pelo meu corpo.
A minha hora estava acabando,
o padre veio orar... a benção.
O coveiro aproximou com o carrinho para levar o cachão,
meu coração morreu mais uma vez,
ainda segurei as lágrimas
num esforço absurdo.
A cada metro percorrido até a cova,
meu sepulcro, parecia não respirar,
não conseguia reconhecer ninguém,
Eu era só dela, sempre fui!
Cheiro de flores,
um vendaval incessável,
um som agudo de uma placa solta,
pendurada por um arame de um túmulo
me tocava a alma ao me fazer olhar para os outros
que ali descansavam por mais de 10 décadas.
As folhas caiam, o sol fugia às 17h50
a última despedida...
Caixão sendo aberto,
aquele anjo se fazia presente pela última vez
era o último contato físico...
o silêncio me torturava,
porque podia ouvir os berros de sua mãe
a oração de seu pai
o meu coração sendo extinto...
O meu amor foi lacrado junto daquela caixa,
e como se guarda talheres em gavetas
ela foi escondida do mundo... De mim!
E quando todos começaram a desaparecer dali,
sentei ao lado de seu leito...
"Eu te amo! Nunca pude entender esse amor
que vinha de você por mim,
nunca imaginei encontrar uma pessoa...
Palavras em vão,
acho que agora você agora sabe o que sinto
o amor que descobri em você
o amor que você me ensinou a viver,
obrigado... Meu amor!" 
As lágrimas começaram a escorrer pela minha face
espalhando-se pela terra vermelha no chão
onde formigas depositam grão a grão.
Todas as lembranças com você
começaram a passar como um filme
diante dos meus olhos vermelhos.
E numa pausa brusca,
os sinos começaram a soar,
a cada badalada me causavam dor... no peito, na alma,
uma a uma, a dor de ter que sair dali,
a sexta e última badala me obrigou a levantar
e partir... Ao ver os carros na avenida,
aquela multidão de gente,
caia na real... Estou só!





PS: Eis o porquê das minhas atitudes, o porquê em eu ser o que sou, uma tábua oca, vazia... Eu ainda a amo, amarei... Mesmo em sonhos... É o que me resta!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Carta - "Papeis Trocados"

Prefiro ficar com as canetas mesmo, e-mail não é tão confiável pra mim. Olha esse ano to meio desanimado, devido as muitas discussões aqui em casa, e de certa forma com a namorada. Tenho discutido muito com ela por besteiras, ciúmes bobo por parte dela, e ouvindo sermões de pessoas que não tem um pingo de dignidade. Perco o sono a cada dia que passa, tenho me perguntado se ela ainda gosta de mim... Eu tenho tido pesadelos constantes, passando as noites escrevendo merdas, contradizendo todas minhas idéias. Eu que tanto te escrevi dando-lhe conselhos, agora mesmo não me sobrou nada, apenas desgosto pela vida. Não estou mais morando em casa, fui pra casa de uns primos, perdi meu emprego, estou totalmente desestabilizado sem ter como pagar minhas contas. Estou matando a minha sede com meu próprio suor, me afogando no amargo do desprezo alheio, andando pra cima e pra baixo sem encontrar soluções, estou sugando minhas últimas energias em vão, depositando esperanças em coisas sem base alguma. Ela me visita por muitas vezes dócil, tentando acalmar o mar raivoso em meu coração. Nos deitamos grudadinhos em uma cama gelada, onde minhas lágrimas escorrem por seus seios descobertos, não sei mais como diferenciar sonho de realidade... "Por Deus, obrigado por estar comigo!" falo em pensamento. Acredito estar fazendo mal a ela, criando uma vontade imensa em abandona-la, sabendo que esse abandono seria apenas da minha fonte de energia, de vida... Estaria eu desistindo da verdadeira razão por persistir. Não sei o que seria de mim sem ela!
Um momento de silêncio um som estridente percorre o corredor da casa, vidros feitos em estilhaços quebram ao se tocar ao chão em um segundo choque, uma mão cortada com cacos ainda grudados deixando fluir um rio de sangue... Meu ser se acalma ao ver meu próprio vermelho jorrar feito cachoeira veloz, acabo caindo em um choro compulsivo junto de um desespero incontrolável, imagino com posso ser alto-destrutivo! Cortar os pulsos passa pela minha cabeça em uma fração de segundos, e outras formas de cessar minha respiração, mas sou muito covarde pra isso, ou talvez inteligente demais em perceber que sou tolo o suficiente em insistir no... Amor, é algo que tenho recebido de uma única pessoa, será que sou tão ridículo a ponto de poder contar com uma única pessoa? A mim me basta! Que se foda o resto! Não sou de falar palavrão como você,  acho que estou caindo em contradição!

PS: Sem condições em continuar a te escrever, preciso tentar dormir, estou muito cansado!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Carta - "Ritual"

É a segunda vez que te respondo por carta,
prefiro e-mail's...
Essa sua história com a namorada
é toda romântica e tudo mais,
mas não é pra mim, digamos que...
Sou o oposto de você!
Nem por isso deixo de ter um romance,
as vezes com duas ao mesmo tempo,
na mesma hora!
Lembra do povo que tu me viu no ano passado?
Pois é, uma das esposas dos meus amigos me ligou,
falando pra visita-la
porque ela ia fz um jantar com o outro casal de amigos.
Quando cheguei lá a mesa de jantar não existia,
apenas uma mesa pequena
acomodando uns aperitivos de frios.
O outro casal.. só foi a esposa também!
Pensei comigo "A merda tá feita!".
Sentei ao meio todo escoltado pelas mesmas
sedentas de "suor".
Digo isso porque lambiam e me chupavam sem cessar,
deixando marcas por todo o pescoço.
Fui rápido e sugeri o vinho já posto nas taças,
consegui alguns segundo de oxigênio.
Pela primeira vez conseguiram me deixar constrangido!
Posso ser o maior canalha do mundo
mas jamais saíria com mulher de amigo meu!
Mal acabava de tomar a dose da perdição,
e outra mais era seduzida aos meus lábios.
Uma após outra fui perdendo a razão
e abrindo espaço para o cálice do exibicionista do meu ego.
Pernas roçando sobre as minhas
seguidas de mãos invasoras no sexo desperto.
Pouco a pouco minhas roupas foram desaparecendo feito mágica,
tudo rodava, tudo se transformava em assédio...
Senti algo escorrer pela minha costa,
vinho e uma boca segurando uma pedra de gelo
que descia pela minha pele toda iludida a temperatura
pelos saltando, um arrepio incontrolavel,
ela sabia o que estava fazendo!
Toda a sanidade se foi, rasguei a calcinha de uma
e a outra tirei aos dentes,
outras peças foram rasgadas..
os amigos? Que se fodam!!!
Quem mandou eles trabalharem de madrugada,
nem pensava mais nisso,
eu preciso de mais bebida!
Abri meu Whisky predileto,
se elas planejaram isso,
não havia como resistir.
Estava entregue a todo esse ritual de pocessão,
de dominação das ondas de prazer...
Oque fazer? Sair correndo? Você resistiria?
Vou te dizer uma verdade,
eu imaginava toda essa situação,
só não esperava as duas ao mesmo tempo!

PS: Era digital cara, manda e-mail... tá ai! a3vidos@hotmail.com abraço cara!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Carta - "Por-do-Sol"

De mãos dadas entre o aglomerado de pessoas indo e voltando
feito cena de filme em "slow motion".

Uma barraquinha de salgados a beira-rio
compramos um salgado e uma coca,
uma imagem fotografada na mente.

Sentados na escadaria do deck de madeira mais um click!
(All-Star azul e a latinha de refrigerante ao lado do tornozelo cheio de correntinhas.)
Me sentia a pessoa mais amada do mundo
uma alegria tão constante que o choro era quase inevitável...
Ela levando o salgado até minha boca
eu fazendo o mesmo com a coca-cola transpirando em minhas mãos,
momento único... único em minha vida!

O Sol caía em seus olhos!
A motinha parada no semáforo... mais um motivo de um novo retrato.
(Em cima da moto aquele sorriso estampado, os olhos entreabertos olhando para os meus... Click!)
Ela me agarrando forte enquanto eu acelerava me dizendo:
(-Te Amo!)
Coração transbordando, o amor me ensinando a recompensa pela humildade.
Me diz como odiar o mundo que me oferece o prazer, a dor mais gostosa da face da terra?
Poderia estar triste com tudo, mas aquele sorriso... aquele jeito de sorrir,
me tirava toda angustia, todo o sofrimento com um simples abrir de canto dos lábios.
Ela era capaz, sempre foi muito boa em tornar-me uma pessoa melhor.
E mesmo que esteja longe só de pensar nela, lembro desses momentos,
então sinto que realmente... encontrei o meu amor!
Eram tardes de domingos que me faziam forte, confiante... Ainda me fazem!

É estranho como o Por-do-Sol lhe cai bem diante dos meus olhos,
como se ele desse a ela todo o poder de me seduzir
dominando meus movimentos que me guiavam até seus lábios,
um beijo salgado, junto de um leve doce, numa macies indescritível.

Em um outro momento, outro dia de fim de tarde, ela saindo da piscina...
(Surgindo do fundo da piscina subindo pela escada olhando para mim. Face molhada, boca entreaberta, olhos de desejos, gotas escorrendo em direção aos seios... Que tortura!)
Um ano de namoro,
um ano cheio de surpresa e amanhã
02 de Fevereiro de 2007... PRAIA!!!

PS: Li sua carta, fico feliz por me responder. Te entendo, mas acho que seu estilo de vida está te levando ao precipício... Se cuida!