Outra coisinha...

Não crie raízes em solo areoso, assim como não espere encontrar aguá em seu mais novo esconderijo, é preciso ser adaptável e constantemente ligeiro, toda mudança é um passo para o crescimento... Acredite apenas em si mesmo!


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sexta-feira, 27 de julho de 2012

2º Cap. Viúva Negra



“Sexta-feira, 7 de Novembro de 2003. Mulher mata marido em legitima defesa. Após a conclusão da pericia, delegado afirma que esposa apenas se defendeu aos ataques de seu marido, e que se não tivesse empunhado a faca na barriga do agressor teria sido estrangulada até a morte...”

São quase dez horas da manhã e Camila não levantou, típico, já me acostumei a fazer o almoço e preparar a lancheira da Julia.
Puta merda! Olhar pra mim através desse espelho me causa desânimo, não vejo um futuro, até mesmo o piso gelado passa despercebido diante dessa figura de um homem acabado e desiludido. Pelo menos o banheiro é aconchegante, grande e bem decorado, assim como a casa toda. Na época das vacas gordas, meu negócio estava se expandindo até me perder... Me foder! Torrar dinheiro com viagens, bebidas, mulheres e sexo... Muito sexo! Engraçado, eu tinha até amigos há um ano, fodam-se eles, interesseiros filhos de uma puta só.

- Camila é quase meio dia! A Julia está querendo que você de banho nela. Camila... Camila... Ca... Ah, toma no...

Chamei-a por quase cinco minutos e não me respondeu, o jeito foi por um sorriso no rosto e brincar de ser feliz.

- Adivinha quem vai levar a princesinha passear no lago para  visitar o senhor Roffus?

Julia: - O Papai! (esbugalhou os olhos enquanto com um sorriso compulsivo e gostoso)

Esse é o motivo por não sair de casa, não querer que Camila vá morar em outro lugar. Tenho medo de como ela irá educar minha filha, ou de como Julia reagiria em ter a mãe distante.

~&~

Nascida no interior de São Paulo, Camila teve uma infância de fazendeira com sua mãe e seu padrasto. Após completar quinze anos teve sua primeira experiência, seu primeiro assédio, foi estuprada por João, o segundo marido de sua mãe, que por medo guardou seu segredo até sua maioridade.

~&~

“...em seu passado ela carrega outro homicídio, onde matou seu padrasto com uma pá por ter sido estuprada dentro de sua residência enquanto sua mãe lavava a roupa em um ribeirão dentro da fazenda. Delegado deixa claro para imprensa que ela foi vítima em ambos os casos.”

Na minha situação atual não existem culpados ou cúmplices, apenas uma vítima, minha filhota!
Camila tem um passado atormentado, que eu fui conhecer depois dois anos casado, somente há onze meses ela me revelou toda a verdade nos dois casos que a envolveu com as mortes.

- Filha, chega de brincar com o senhor Pato...

Julia: - Senhor Roffus, papai!

- Levanta da banheira, deixe-me te secar!

Julia: - Eu consigo...

- Venha cá. Você não lavou essa orelha, né senhorita Roffuda!

Julia: - Você que é Roffudo!

- Para quieta espoleta!

Ela caiu em outro riso compulsivo, não contive e entrei na dança. Enquanto Julia tentava por a roupinha fui até o quarto de Camila, que ainda estava na mesma posição, no mesmo silêncio.

- Estou levando Julia pra escolinha e vou direto para casa de um cliente, o almoço esta no fogão, não se esqueça de guardar o feijão na geladeira.

~&~

Naquela rua escura redescobri uma sensação que há muito tempo estava adormecida, Amanda despertou em mim uma paixão insana, a excitação, o prazer em ser tocado de uma forma safada e entorpecedora.
Eram 20h30 do dia seguinte quando a deixei em sua casa. Antes de sair do carro seus olhos brilharam em minha direção, se aproximou:

Amanda: - Não sei se vou te ver de novo...

- Mas eu quero... Ela me interrompeu sussurrando:

Amanda: - Eu quero muito te ver de novo, mas caso eu não tenha outra noite dessas, quero que saiba que foi a coisa mais doida que já fiz em minha vida, foi a melhor de todas, você soube me levar, me tocar antes mesmo de eu te guiar. Pra mim foi tudo muito intenso... Conversa com ela, tenta entende-la, tente se explicar, e caso ela seja uma vadia, louca e não te mereça... Me liga se precisar de algo, só não me trate como último caso, mas sim como uma possibilidade de uma vida melhor, feliz!

Me beijou, eu não soube o que dizer, apenas a beijei. Acelerei vagarosamente, atravessando as faixas o mais lento possível, não queria ter de ver a cara dela por outra vez... Camila!
Liguei para minha mãe para ter notícia de Julia, expliquei o que se passou, o que ocorreu e que talvez a casa viesse a baixo.
Estacionei o carro na garagem. A luz da sala apagada, apenas a luz do corredor acesa, cheiro de cigarro pela casa. Entrei em nosso quarto, ainda era nosso até a noite anterior, fui tirando a roupa. O cheiro de cigarro se intensificou, Camila estava sentada na poltrona com o cigarro aceso, na outra mão um copo com bebida sendo girado com gelos se chocando um contra o outro, eu apenas de cueca.

Camila: (Levantando-se vindo em minha direção) – Qual a sensação de outra pessoa tocar seu corpo depois de tanto tempo tendo uma única pessoa fazendo isso? Errado, perigoso e extremamente excitante. (Ela começou a passar a mão pelo meu corpo, descendo o resto de pano que me cobria, me deixou apreensivo) Agora eu te tocando, qual é a sensação? Se sente a vontade, você sabe quem sou eu, o meu calor, o meu toque. Eu te conheço, você me deseja... (Começou a beijar minha costa, meu pescoço, chupando minhas orelhas, usando as mãos para encravar suas unhas em meu peito, arranhando-me, me mordendo) Você gosta? Você me quer? Gosta disso?

Cai como patinho em seu joguinho de sedução. Amar é uma merda, me deixei levar pelo prazer, pelo amor, deixando o orgulho de lado e se entregando a minha decadência. 

Deitou-me na cama, me cobriu de uísque e me chupou, me marcou, me ferrou... Eu amei aquela condição! A falta de vergonha na cara acreditou que aquela vadia poderia mudar e ser apenas a minha vadiazinha. Parando pra pensar não era muito diferente dela, transei com ela mesmo sabendo que na noite passada estava com outro, na verdade não tive tempo para pensar naquela possibilidade, já estava com a cara entre suas pernas.

Ela subiu em cima de mim:

Camila: - Gosta assim, sentindo o calor do meu corpo, dessas unhas nas suas pernas? Sente como esta úmida? Coloque o dedo em minha boca.

Incansável, estava esgotado quando ela me pediu mais, mais e um tanto mais. Desgraçada! De uma coisa não posso reclamar, foi esse tipo sexo que me prendeu a ela por tanto tempo, que ainda me prende.
Outros cinco meses se passaram, o relacionamento aparentava ter voltado ao normal. Amanda não me ligou, eu não liguei. Camila passou há ficar mais tempo dentro de casa, mas não desgrudava do computador. O notebook parecia que estava grudado a ela, ia para o trabalho com ele, em casa até no banheiro levava. Foi ai que me despertou o interesse, todo o pesadelo se iniciando. Ela mantinha conversa com Evandro, mas por algum motivo não queria mais vê-lo, bom sinal? Não, tinha outro na jogada! Mas fiquei tranquilo, era um caso virtual do qual não teve contato físico. Até que ponto uma pessoa suporta tudo isso? Estava sendo testado!
Quase um ano se passou desde a última vez que vi Amanda. E Camila estava estranha. Estranha não, totalmente fechada, não queria transar, não queria que eu a tocasse, fodeu!

~&~

Quando voltei da casa do cliente o relógio marcava 16h30, Camila esta na cozinha comendo algo. Que cara péssima! Sempre adorei o cabelo bagunçado ao se acordar, mas naquela situação, com rímel, maquiagem borrada, parecia mais o coringa depois de esfregar a cara em arenito.

- Quer beber algo? Eu vou...

Camila: - Some da minha frente, vaza! Seu corno!

Golpe baixo! Estava me olhando com um ódio mortal, da última vez que aconteceu isso apontou uma faca para mim!

~&~

Em um sábado fomos a um show ao vivo na cidade, onde se reuniriam a maioria dos antigos amigos. Ela estava feliz, sorridente, me abraçando, uma Camila diferente dos últimos anos. Começamos a beber antes do show, em um barzinho próximo ao local. Os amigos dela da internet estavam presente. Foi uma rodada atrás da outra de chope, doses e mais doses de tequila, banheiro sendo visitado com mais frequência. Ela estava começando a ficar bêbada, eu já estava rodando.
O show começou eram 16h30, e por mais outra vez fui ao banheiro e comprar bebida. E como se fosse tudo combinado, destino, sorte ou sei lá o quê, adivinha quem estava na barraca de chope trabalhando... Amanda! Ficamos conversando por alguns minutos, ela queria conversar mais, eu queria sexo mais uma vez. O desejo retornou, a insanidade não me dominou. Eu não podia, eu não queria errar novamente, então como se o desejo estivesse me matando por dentro, sai dali e fui até Camila.

 - Filha de uma puta!

Berrei, ela não me ouviu devido ao som alto, estava beijando outro, o amigo da internet, e como impulso eu já sabia pra qual lugar voltar, fiquei quase até o final do show ao lado da barra em que Amanda estava. Antes que dessem por falta dela, a sequestrei, claro que ela aceitou meu convite de fugir dali, abandonei Camila novamente, mas sem nenhum remorso, ou qualquer tipo de culpa.

No lado de fora do estabelecimento a beira-rio, sentamos em um banco todo arranhado com nomes dentro de corações, declarações de amor, de ódio feito por algo pontudo... Ela interrompeu a algazarra das gaivotas:


Amanda: - Está com um olhar distante, triste... Aconteceu algo?

- Esse tipo de situação entre nós esta se tornando normal, sempre que Camila pisa na bola, eu te encontro... Esquece, prefiro não falar sobre isso.
Amanda: - Não sei o que te dizer sobre isso, faz o seguinte, me espera aqui, eu preciso ajudar o pessoal guardar as coisas, limpar o que está sujo, enfim, em meia hora ou menos eu volto e vamos pra um lugar diferente enquanto se cura dessa tristeza... (Ela foi gentil em não dizer a palavra BEBADO!)

- Volta sim, vou ficar aqui, volta...

Amanda: - Não saia daí! (Saiu correndo e eu me corroendo de ódio)

O último suspiro de raio de sol no horizonte se perdeu, as luzes da cidade foram se ascendendo, e me surpreendi com a capacidade de Camila não se importar, não se perguntar onde eu estou, o que faço, o que me aconteceu... O celular em minha mão e nenhuma ligação, vinte e nove minutos e Amanda apareceu.

Amanda: - Bem, onde está seu carro?

- Está na garagem do evento!

Amanda: - Entendi. Vamos ao meu carro, posso te levar?

- Se você me fizer esquecer toda essa palhaçada pela qual estou passando, topo qualquer lugar! E detalhe, minha chave do carro está com Camila, garanto que ela vai saber o que fazer.

Amanda: - Imaginei que ela estivesse aqui.

- E já deve imaginar o que ela me fez, de novo! Nesse momento deve estar em algum canto se dando para um carinha da internet. Que não seja no meu carro, ela faça o que quiser, estou farto!

Amanda: - Quer conversar sobre isso?

- Sinceramente não, me tira daqui!

Amanda: - Ótimo! Olha que eu trouxe, vou te embebedar...

- Mais um pouco você quer dizer.

Amanda: - Pra onde estamos indo você pode fazer o que quiser.

O carro foi saindo por entre o povo esparramado na rua, alguns caindo de bêbados, outros dormindo na calçada e algumas risadas altas exageradas, isso porque não faziam nem meia hora que o sol se pôs. Deitei o acento do carro para que o vinho descesse com mais facilidade, olhando as luzes ofuscando a minha visão e tornando a situação engraçada aos olhos de Amanda que me beliscou.


Amanda: - Nada de dormir, pode levantar que você vai me fazer companhia esta noite.


- Pode deixar, que o ódio que estou não durmo tão cedo.

Chegamos a casa dela. Está morando sozinha em um condomínio muito luxuoso. Assim que parou o carro na garagem, tomou a garrafa da minha mão e a tomou todinha em um gole só, tinha pouco mais da metade, fiquei surpreso e ela sorriu.

Amanda: - Vou me arrumar rapidinho e logo saímos.

- Posso te ver?

Amanda: - Se você se comportar... Vem!

 Levou-me até seu quarto me fazendo ficar sentado em sua cama. O mundo girava, vista turva, minha língua dando nó, ela foi se despindo bem devagar jogando as roupas pelo chão. Ficou nua... Foi por um minuto! Entrou no banheiro, escutei a água caindo no chão, não ousei sair da cama, esperei que o tempo me consumisse até vela sair pela porta envolta a uma aura, uma cortina de fumaça branca, o vapor de seu corpo sendo sugado pelos meus pulmões. Uma toalha em volta da cabeça sendo retirada envolvendo o corpo deixando a pele seca, devagar e provocante, uma das pernas posta à beira da cama entre as minhas para alcançar os pés, meus olhos seguindo os movimentos das mãos, cada canto que a toalha ia percorrendo o húmido... Eu vi quando ela me viu o meu olhar de desejo! Em seguida uma minúscula calcinha, tampando o necessário, o desnecessário a meu ver. Uma camiseta branca com borrados de tinta pretas, o nome de uma banda de Rock junto de uma calça de couro que parecia mais um espelho refletindo as coisas a minha volta. Não conseguia pensar em mais nada, apenas naquele corpo, naquela sedução, e como se ainda faltasse algo ela se fez, se criou com uma maquiagem gótica. Que delírio! Nunca pensei que naquele mundinho existissem tantas faces. A verdade é que nós homens subestimamos a mente feminina, acreditamos que uma mulher “direita” são as santinhas pra casar.  


“E quem disse que as santinhas entre quatro paredes são apenas delicadeza? Safadeza até mesmo os crentes gostam de exercer, se casam pra dizer que não estão vivendo em pecado e ao perceberem que a pessoa ao seu lado não é a outra metade da laranja levam uma vida pacata e sem desejos, isso por causa de outro safado a frente dizendo que o seu dinheiro é a prova de sua fé.”

Às vezes é nas “erradas” que encontramos nosso céu, nossa satisfação por toda vida, nosso amor. Casar para se ter uma relação sexual é algo totalmente precipitado.
Após terminar sua maquiagem me olhou procurando um sinal de aprovação:

- Delícia...

Ela sorriu e completou:

Amanda: - Você não perde por esperar!

Ela estava certa! A noite estava se tornando totalmente imprevisível. Pouco mais de 20 minutos cortando as ruas, chegamos a um barzinho no centro da cidade, lotado de gente de preto, roqueiros que não acabavam mais. Me senti um pouco deslocado ao entrar no recinto, mas ela logo me confortou:

Amanda: - Relaxa! Uma coisa boa de vir nesses lugares, ninguém repara na sua roupa, no seu cabelo, na sua risada, aqui você é simplesmente você!

- Tá, não reparam em mim, porém não pode dizer por si, você está um arraso com essa roupa! A cada passo tem alguém te comendo com o olho.

Amanda: - Então porque você não gruda em mim?

Coloquei a mão em sua cintura, ela puxou-me grudando a seu corpo, quando dei por mim percebi um palco com uma banda rolando um som muito agitado. Ela me segurou firme e foi se enfiando até chegar próximo do palco. Pulei, gritei, extravasei... Ela fez o mesmo. Nunca havia me sentindo assim, livre!

A cada música um movimento sensual, a cada batida de pratos do baterista um gemido em meus ouvidos, foi me deixando doido, alucinante, totalmente entregue aquele gingado de cintura. Ao som de “You’re Crazy – Guns and Roses” Me puxou mais uma vez junto de seu corpo e sussurrando em meu ouvido:


Amanda: - Quero você agora!

Encostou aquela calça agarrada a sua bunda em mim se contorcendo, esfregando-se por todo meu corpo. Não resisti, tomei-a pela mão entramos no banheiro feminino. Ela estava de costa pra mim com as calças abaixadas quando o som "Breed – Nirvana” começou a tocar, que loucura, uma intensidade, um prazer inexplicável. Quando estava quase no clímax, uma segurança feminina me retirou de lá quase a tapa. Ficamos no barzinho até há uma da manhã conversando com outros dois casais, no qual viriam a se tornarem amigos próximos. E quando tudo parecia estar próximo do encerramento ela deu a seguinte ideia de irmos todos a sua casa, claro que todos aceitaram. No meio do caminho Alex e sua namorada Carla compraram mais bebidas, tequila e conhaque! Loucura! Mas na hora eu nem estava pensando nas consequências.

Doses e mais doses, uma após outra, não era sábio levantar do colchão posto no chão da sala com outras cinco pessoas esparramadas por ali. Essa é uma cena que não sai da minha cabeça, todos ali deitados, cada um com sua parceira na pegação, Amanda teve a ideia em tirar minha camisa, todos fizeram o mesmo, em menos de um minuto estavam todos nus, transando! Não teve troca de casais, mas o fato de estarem expostos era novidade pra mim, não me senti intimidado e acabei me deixando levar pela situação.

No dia seguinte o dia já estava terminando quando acordei, já se passavam das dezesseis horas. Apenas eu e Amanda na sala, o resto do povo haviam se evaporado, quem sabe foi apenas um sonho safado com aquelas pessoas presentes. A foto de papel de parede no meu celular lembrou-me de que aquilo foi real.

- Obrigado pela noite de ontem, posso dizer que foi a coisa mais doida que eu fiz. Você realmente me surpreendeu, não esperava por tudo aquilo.

Amanda: - Nunca fiz aquilo, como eu estava com você me senti a vontade, como se nada tivesse consequência, se era certo ou errado, apenas me deixei levar e as coisas aconteceram.

- Acho que isso foi reciproco... Mas nunca foi até aquele bar?

Amanda: - Sim, por muitas vezes, porém antes que eu pudesse me envolver em uma aventura doida que nem a de ontem, vinha embora. Como disse ontem, me deixei levar!

Após alguns minutos de conversa, pedi-a para me levar embora, a noite de domingo seria turbulenta com Camila.
Amanda me deixou poucos metros de casa, me deu um beijo, sorriu dizendo que eu sabia onde encontra-la. 

Assim que passei pela porta da sala vi Camila, sentada assistindo TV. Perguntei por Julia, não respondeu. Verifiquei toda a casa e ela não estava lá. Ao invés de ficar na minha, calado, não resisti e soltei a primeira alfinetada:


- Que coisa linda que você fez ontem. Parabéns... Mas não pense que foi a única que se divertiu.

Camila: - Eu não fiz nada demais. Estava curtindo com meus amigos e você mal ficou comigo, fiquei te esperando quase uma hora no carro.

- Lógico, estava indo ao banheiro e numa dessas idas, na volta te vi beijando outro.

Ficou sem argumentos...

Camila: - Estava bêbado, não sabe o que viu.

- Não me venha com essa, mas me diga, você se divertiu, aproveitou sua noite?

Camila: - Depois de te esperar por um bom tempo, fui à república dos rapazes.

- Que bom saber, me sinto menos culpado na situação.

Camila: E você onde festava?

- Se realmente quisesse saber teria me ligado no celular, mandado mensagem, qualquer outra forma teria feito, mas não, nem um sinal de vida. Não me venha com essa agora...
O meu celular tocou, ela correu pega-lo... Era o Alex, mandando mensagem falando da noite passada. Pra piorar a foto de contato, estava ele e a namorada despidos. Ela viu todas as fotos! Vi seu rosto se transformando a cada foto vista, a cada segundo...

Camila: - Eu vou te matar seu Filho de uma Puta! Como ousa me trair assim? Quem você pensa que é?

Ela saiu andando da sala, foi até a cozinha e voltou... Uma faca empunhada.

- O que você pensa em fazer?

Camila: - Você ainda pergunta? Vou te matar seu corno, vou te castrar.

- E o que você fez? Você acha certo? Direitos iguais!

Camila: - Direitos iguais o cacete, não pense que eu não tenho coragem, fiz uma vez e posso fazer de novo.

- Mas do que é que você está falando?

Camila: - O que é meu é somente meu, eu não divido! Quando eu saio com outros caras...

- Outros caras? Então tem muito mais “outros caras” do que eu imagino...

Camila: - Isso mesmo! Mas eu não misturo sentimento, já você esta saindo com aquela vaca de novo. Esta gostando dela é? Hein? (Camila foi perguntando-me e se aproximando) Você nem imagina do que sou capaz, um marido eu matei, matar outro não me custa nada.

- Entendi, então quer dizer que ele tentou te estrangular porque ele sabia das suas traições.

Camila: - Cala a boca! Você não esta em condições de me acusar.

Um movimento veloz rasgou uma ponta da minha camisa, fiquei assustado, quase me borrando, achei que realmente fosse capaz de me matar, então me calei e deixei-a falar.

Camila: - O que eu faço é problema meu, o que eu quero tem que ser quando eu quero.

- Você está ficando maluca!

Camila: - O último que disse isso morreu com uma pazada na cabeça. Não sabia respeitar minha vontade, achou que poderia me ter toda hora, tive que dar um basta. Agora pensa bem o que você quer pra você.

- Você esta me ameaçando?

Camila: - Entenda como um aviso!

- Camila eu quero o divórcio!

Camila: - Nunca!

Esbravejou de uma forma insana colocando a faca em meu pescoço. 



Camila: - Daqui você sai morto. O que seria da nossa filhinha? Será que é sua? Seu frouxo! Saia daqui e veja do que sou capaz...

Ela começou a me revelar os monstros existentes em sua alma, deixando a mascara cair, o quanto seu passado é negro. Nesse momento temi pela vida de Julia. Camila era louca, uma assassina, minha mulher... Como pude não perceber o tipo de pessoa com quem estava me envolvendo?

~&~

- Camila estou indo buscar a Julia!

A verdade é que quando mais nova já era uma vadia, ela adorava se insinuar para os homens da fazenda, tanto é que sem ninguém saber ela já tinha se envolvido com muitos pais de famílias ali da redondeza em troca de dinheiro. Seu padrasto descobriu a história toda, o boato corria fácil entre os homens e para cala-lo se ofereceu a ele também, após ele rejeita-la por muitas vezes estava disposto a contar todo o ocorrido para a mãe dela e acabou perdendo a vida pra fúria de Camila. Por fim, ela se deu bem na sua versão para a polícia o acusando de tentativa de estrupo.

O mesmo fim teve seu ex-marido ao se descobrir que era traído, ele estava possesso de ódio. Ele havia contratado uma pessoa para seguir os passos de Camila, onde tirou muitas fotos dela com o amante. Ele a pegou pelo pescoço assim que a viu, enchendo a de perguntas, de ofensas, chorando... Ele sem perceber estava a estrangulando na cozinha, foi ai que ela tomou uma faca em sua mão encravando-a em sua barriga. Após a perícia criminal ela conseguiu escapar por legítima defesa. Depois de todos esses anos ao lado de Camila, percebi que sua loucura a torna astuta e perigosa demais.

terça-feira, 24 de julho de 2012

1º Cap. "Culpado, Vítima ou Cúmplice?"


Dizia o rapaz em uma reportagem agora pouco no noticiário após matar a filha de quatro anos e enterra-la em baixo de sua cama:

“Dizem que os loucos se tornarão os donos do mundo após o apocalipse, os “normais” viverão na loucura perante a decadência ao lado dos pobres que se igualarão aos ricos. Será um mundo justo e digno para a humanidade! Imagino as vagabundas espalhadas por ai mantendo as pernas fechadas com um cinto de castidade colocado por elas mesmas, devido ao medo de serem estupradas. Antes de o mundo deixar de ser imundo, ele será pintado da cor Sangue, preto carvão, haverá gritaria e ranger de dentes, “Anjos” inocentes pagarão pelos erros dos adultos, morrerão! O que fiz foi para protegê-la de vocês... Famosos Corruptos!”

Após a sua declaração o repórter ficou com uma cara de bosta sem saber o que falar...

“É isso aí!”

Antes ele estivesse ficado calado, imagino que o ancora deve ter pensado o mesmo que eu.

Não sei o que é mais estranho nesse momento, o jornalista que perde o texto durante a reportagem, o ancora com um olhar de peixe morto ou eu tomando chá de erva cidreira enquanto minha mulher dá pra outro alguns quilômetros daqui. Corno conformado? Não, pai responsável! Tenho uma menina de seis anos com Camila. Desde que Julia nasceu fui um pai presente, após os dois anos de idade dela sendo mãe também. Estamos casados há nove anos e fiquei sabendo da primeira traição há três anos. Triste ser humilhado de forma tão injusta e vulgar expondo meu orgulho, acabou me levando a falência.

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22 de julho de 2009, uma noite de quarta-feira quente para a época, dia do nosso sexto aniversário de casamento, a levei para jantar em um restaurante a beira-rio, onde encontramos uma conhecida de Camila na fila de espera:

Adriana: - Camila, oi, aqui! (Camila tentou disfarçar, mas Adriana insistiu.)

Camila: - Ah, oi, você?

Adriana: Tudo bem? Cadê o seu namoradinho, o Everton? Que festa sábado passado, adorei!

Adriana era o tipo de pessoa que fala sem parar, que diz coisas sem visualizar a situação, que vomita as palavras... Eu senti ânsia! Camila tentando disfarçar, ainda tentou concertar, piorou!

Camila: - Não, você está enganada! (Em um tom áspero) Esse é meu marido, Luís!

Quando Adriana me olhou, não soube disfarçar a gafe, eu a cumprimentei com todo respeito e agradeci:

- Obrigado! Se não fosse o prazer da sua pessoa, jamais iria descobrir a verdadeira face da vadia com quem eu durmo.

Dei à costa e sai do local, Camila veio atrás para se explicar, não havia explicação. No dia da traição ela se dizia estar fazendo plantão no hospital onde ela é auxiliar de enfermagem a menos de um mês. Não posso negar que ela fez plantão, de perna aberta dando pra um filho da puta chamado Everton.
Naquele dia após o constrangimento ela voltou pra casa a pé, sozinha, isso é o que eu imagino. Eu... fui relaxar!

Nessa cidade aos fins de semana, fica em casa quem quer, por ser uma quarta-feira, não tinha porra nenhuma, o negócio era ir pra “casa das primas”, mas antes uma choperia!

Por anos sendo fiel, o marido santinho, o corno do marido prendado... Naquela noite me tornei um irracional débil!
Sentei a uma mesa no deck ao lado de fora da choperia para me distrair com o movimento, para digerir o desgosto da vadia pedi logo uma torre de chopp. Fiquei sem chão ao saber daquilo tudo, fiquei totalmente desnorteado. A cada gole um pensamento ruim, a cada abastecida de copo um desejo constante de morrer, matar, sei lá, já estava pensando demais. Quando parei pra olhar a minha volta, apenas eu e a torre, a choperia quase fechada. Fiz um sinal para o garçom, quando ele mais perto, não era ele, era ela, uma linda garçonete. Ela sorriu para mim, eu sorri para ela, pedi uma caneta e anotei o número do meu telefone em um papel toalha. Minutos depois me trouxe a conta e me deu um papel, com seu número de telefone.

Sai dali do jeito que entrei, a mesma merda, o mesmo corno pensando na vaca! Abri a porta do carro demorando alguns segundos até liga-lo, motor esquentando e minha cabeça fervendo, não bebi o suficiente para relaxar, então peguei a coragem e o rumo do puteiro.

Cheguei ao inferno, e fui recebido pelas pupilas da Grande Anciã Vadia. Primeira vez em um lugar como aquele, segunda vez pagando pra uma puta tocar meu pau, e terceira vez torrando a porra do meu dinheiro e tendo de responder a uma merda de pergunta de uma zinha qualquer.

- Uhn, então deixou a mulherzinha em casa pra encontrar uma mulher de verdade?

Mulher de verdade? Ela se acha uma mulher de verdade porque sabe abrir as pernas e cavalgar feito uma cachorra no cio? Pensei comigo!

- Hoje vou te dar a melhor noite da sua vida!

É verdade, a melhor noite da minha vida! Descobrir que sou corno e ainda por cima gastei quase mil reais com essa... Essa morena gostosa! Sim ela sabia o que fazia, e não me arrependo nem um pouco. No dia seguinte, aquela mulher que me possuía feito uma doida, já sabia de toda minha vida enquanto transávamos. Por fim, sai de lá satisfeito e me reconciliei duas horas depois com Camila.

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O chá acabou faz tempo, a Julia está dormindo, coisa que eu deveria estar fazendo.

Estamos separados há quase um ano e morando sob o mesmo teto, ela tem o dinheiro dela, eu costumava ter até torrar meu com a depressão. A Julia tem sido uma civil em meio a essa guerra, discussões e ofensas cabeludas. As agressões partem sempre de Camila, faço de tudo para não ser o vilão, me defendo correndo dela pra não fazer uma burrada irreversível, chega a ser até uma situação hilária.

São duas horas da manhã, ela acabou de chegar, o “namoradinho” dela trouxe-a de moto. Eu odeio o jeito que ela me olha quando entra, sorri com desprezo, erguendo a sobrancelha como deboche. Acho que ela se satisfaz com minha tristeza, eu ainda amo, e se estou nessa situação é porque amo ainda mais minha filha, então o jeito é aceitar essas condições lastimáveis. 



Lá vem ela, entrou... Chorando?

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Após conversar com Camila sobre sua traição, omiti o que fiz durante a noite, disse que havia dormido em um hotel e nada mais... Menti!
Ela foi até a casa de sua irmã Lurdes, que tomara conta de Julia durante o nosso jantar... A merda da comemoração de aniversário de casamento!

~&~

Dizem que depois da primeira merda que você faz, não vê tanta maldade na segunda, porque se erra na primeira vez, o erro não deixa de ser erro, isso é o que ambos pensávamos e não compartilhávamos.

Fiz um tanto mais de chá. Não era para mim, mas sim para a vadia do quarto ao lado.

É dessa vez a coisa foi seria, toda jogada na cama, espero que Julia não acorde.

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Após se passar quase seis meses da traição dela, da minha traição. Encontrei em minha calça social o telefone de Amanda, a garçonete da choperia. Estava meio apagado por ter sido lavado junto com a calça, mas era visível o número. Não resisti e liguei.

Ela me atendeu meio receosa, mas logo se lembrou de quem se tratava “O cara triste da mesa treze”, treze... Por essa nem Zagalo esperava! Conversamos por quase meia hora e marcamos de irmos a um barzinho na zona sul da cidade, aonde jamais iria com Camila que era muito fresca, odiava lugares rústicos.

 No sábado seguinte após o telefonema, deixei Julia com minha mãe e fui buscar Amanda em sua casa.

Ao chegar enfrente a seu sobradinho, toquei o interfone onde uma voz rouca me atendeu asperamente. Era seu avô, Guilhermino de noventa e poucos anos, que me encheu de perguntas até chamar por Amanda.
Abri a porta do carro e ela entrou, até chegar do outro lado um aperto no coração de estar cometendo um erro, ela tornou essa sensação ainda mais forte ao indagar:

- O que estamos fazendo não é certo, você é casado, mas mesmo assim quero muito sair. Não quero atrapalhar o seu relacionamento, mas acho que já é tarde pra dizer isso.

Sim, já era tarde! Dei um sorriso e fui me aproximando, coloquei a mão em sua face e a beijei, ela retribui com um olhar muito safado. Sexo, sexo, sexo, era apenas isso que eu pensava ao olhar aquele corpo, aquele vestido em “V” na costa, aqueles seios enormes escondidos atrás daquele pedaço de pano, não era vulgar, era muito sexy, que mulher!

“A mulher é igual ao homem quando se trata de sexo, sente o mesmo prazer de formas diferentes, a mesma atração, o mesmo assédio, a mesma entrega, e a maioria se fecha fazendo do sexo algo atormentador e monstruoso, deixando seu parceiro insatisfeito. O Pensamento de uma mulher é um oceano de segredos e desejos, de fantasias e vontades, algo que um homem nem imagina. Uma mulher traída é capaz de inúmeras formas de se vingar sem demonstrar qualquer ressentimento.”

O Bar onde fui visitar era uma espécie de restaurante com música ao vivo. Não era como um comércio tradicional, esse estava mais para uma residência com um bar muito bem montado no quintal, onde as maiorias das mesas reservadas ficavam no porão. Mais ao fundo daquele local parecido com uma taverna tinha um lindo piano ao dispor dos visitantes.

Realmente lindo o lugar, entramos e fomos recepcionados por uma senhora muito cativante, que nos acompanhou até a mesa próxima ao piano.
Olhei os vinhos a disposição, puta que pariu pensei, ao ver um DRC Romanée Conti 2003, é um dos vinhos mais caros a venda, o valor chega a quase $5.000 dólares, por apenas R$ 150,00 reais, falso falei em voz alta, pedi um Chandon mesmo junto de uma tábua de picanha.

“Olhos que se prendem, mãos que se entrelaçam, e um pé descalços subindo pelas pernas por debaixo da mesa aguçando os sentidos de um predador voraz.”

Na melhor parte daquela noite, a picanha acebolada com pãezinhos de alho estava servida a mesa e interrompendo meu êxtase, mas não foi maior que o meu desespero e raiva ao ver Camila entrando naquele local acompanhada.
Ela estava acompanhada de Everton, o mesmo cara com quem me traiu. A senhora acolhedora os acompanhou até uma mesa próxima a nossa, Camila me viu... Eu comentei!

- A lá a vaca da minha ex-mulher!

Camila: - A lá o corno do meu ex!

Já próximos da minha mesa não contive a raiva:

- Então esse é o filho da puta com quem você me traiu, e pelo jeito continua.

Camila: - Pelo jeito você não é tão diferente de mim! Quem é a vadia?


Amanda: - Vadia não, sua cadela!


- Quer saber Amanda, vamos sair daqui, o ar ficou irrespirável!

Camila: - Luís volta aqui! Eu ainda não terminei.

- Não, porque sou eu que estou terminando! E quer saber, estou adorando essa nova fase.

Menti mais uma vez!

Paguei a conta, pedi para embrulhar para viagem a picanha, e mandei pra puta que pariu a piranha.

Amanda meio assustada e tremula, me pediu desculpas... Desculpas? Ela não tinha que pedir desculpas, então a beijei tão fogosamente, ela me apertou tão excitada, fomos para outro lugar, um rio próximo dali, pensei em inúmeras safadezas, mas o que fizemos foi muito melhor.

“Ela me deu a mão, caminhamos pela beirada do rio tomando a garrafa de vinho, contou-me sua história de vida, seus medos e desejos. A noite estava fria e estrelada, o som da queda d’água estendia-se por centenas de metros, dava para avistar outros casais sobre a ponte. Entramos em uma rua escura e silenciosa, Amanda me pegou pela gola, me desejando, me possuindo, e eu a devorando. Me deu a costa e levantou seu vestido, me deu muito mais prazer, me deu seu corpo todo nu, efeito do vinho, efeito da cadela, efeito após o desespero.”

Nos amamos a noite toda em um motel luxuoso, transamos até o sol raiar, até o domingo implorar por descanso.

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Depois de entregar o chá em seu quarto, Camila me olhou com olhos de perdão, lágrimas verdadeiras, eu apenas lhe dei a costa, não zombei, acredito que ela esteja pagando por esses 3 anos de traição de ambas partes.