Outra coisinha...

Não crie raízes em solo areoso, assim como não espere encontrar aguá em seu mais novo esconderijo, é preciso ser adaptável e constantemente ligeiro, toda mudança é um passo para o crescimento... Acredite apenas em si mesmo!


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terça-feira, 24 de julho de 2012

1º Cap. "Culpado, Vítima ou Cúmplice?"


Dizia o rapaz em uma reportagem agora pouco no noticiário após matar a filha de quatro anos e enterra-la em baixo de sua cama:

“Dizem que os loucos se tornarão os donos do mundo após o apocalipse, os “normais” viverão na loucura perante a decadência ao lado dos pobres que se igualarão aos ricos. Será um mundo justo e digno para a humanidade! Imagino as vagabundas espalhadas por ai mantendo as pernas fechadas com um cinto de castidade colocado por elas mesmas, devido ao medo de serem estupradas. Antes de o mundo deixar de ser imundo, ele será pintado da cor Sangue, preto carvão, haverá gritaria e ranger de dentes, “Anjos” inocentes pagarão pelos erros dos adultos, morrerão! O que fiz foi para protegê-la de vocês... Famosos Corruptos!”

Após a sua declaração o repórter ficou com uma cara de bosta sem saber o que falar...

“É isso aí!”

Antes ele estivesse ficado calado, imagino que o ancora deve ter pensado o mesmo que eu.

Não sei o que é mais estranho nesse momento, o jornalista que perde o texto durante a reportagem, o ancora com um olhar de peixe morto ou eu tomando chá de erva cidreira enquanto minha mulher dá pra outro alguns quilômetros daqui. Corno conformado? Não, pai responsável! Tenho uma menina de seis anos com Camila. Desde que Julia nasceu fui um pai presente, após os dois anos de idade dela sendo mãe também. Estamos casados há nove anos e fiquei sabendo da primeira traição há três anos. Triste ser humilhado de forma tão injusta e vulgar expondo meu orgulho, acabou me levando a falência.

~&~

22 de julho de 2009, uma noite de quarta-feira quente para a época, dia do nosso sexto aniversário de casamento, a levei para jantar em um restaurante a beira-rio, onde encontramos uma conhecida de Camila na fila de espera:

Adriana: - Camila, oi, aqui! (Camila tentou disfarçar, mas Adriana insistiu.)

Camila: - Ah, oi, você?

Adriana: Tudo bem? Cadê o seu namoradinho, o Everton? Que festa sábado passado, adorei!

Adriana era o tipo de pessoa que fala sem parar, que diz coisas sem visualizar a situação, que vomita as palavras... Eu senti ânsia! Camila tentando disfarçar, ainda tentou concertar, piorou!

Camila: - Não, você está enganada! (Em um tom áspero) Esse é meu marido, Luís!

Quando Adriana me olhou, não soube disfarçar a gafe, eu a cumprimentei com todo respeito e agradeci:

- Obrigado! Se não fosse o prazer da sua pessoa, jamais iria descobrir a verdadeira face da vadia com quem eu durmo.

Dei à costa e sai do local, Camila veio atrás para se explicar, não havia explicação. No dia da traição ela se dizia estar fazendo plantão no hospital onde ela é auxiliar de enfermagem a menos de um mês. Não posso negar que ela fez plantão, de perna aberta dando pra um filho da puta chamado Everton.
Naquele dia após o constrangimento ela voltou pra casa a pé, sozinha, isso é o que eu imagino. Eu... fui relaxar!

Nessa cidade aos fins de semana, fica em casa quem quer, por ser uma quarta-feira, não tinha porra nenhuma, o negócio era ir pra “casa das primas”, mas antes uma choperia!

Por anos sendo fiel, o marido santinho, o corno do marido prendado... Naquela noite me tornei um irracional débil!
Sentei a uma mesa no deck ao lado de fora da choperia para me distrair com o movimento, para digerir o desgosto da vadia pedi logo uma torre de chopp. Fiquei sem chão ao saber daquilo tudo, fiquei totalmente desnorteado. A cada gole um pensamento ruim, a cada abastecida de copo um desejo constante de morrer, matar, sei lá, já estava pensando demais. Quando parei pra olhar a minha volta, apenas eu e a torre, a choperia quase fechada. Fiz um sinal para o garçom, quando ele mais perto, não era ele, era ela, uma linda garçonete. Ela sorriu para mim, eu sorri para ela, pedi uma caneta e anotei o número do meu telefone em um papel toalha. Minutos depois me trouxe a conta e me deu um papel, com seu número de telefone.

Sai dali do jeito que entrei, a mesma merda, o mesmo corno pensando na vaca! Abri a porta do carro demorando alguns segundos até liga-lo, motor esquentando e minha cabeça fervendo, não bebi o suficiente para relaxar, então peguei a coragem e o rumo do puteiro.

Cheguei ao inferno, e fui recebido pelas pupilas da Grande Anciã Vadia. Primeira vez em um lugar como aquele, segunda vez pagando pra uma puta tocar meu pau, e terceira vez torrando a porra do meu dinheiro e tendo de responder a uma merda de pergunta de uma zinha qualquer.

- Uhn, então deixou a mulherzinha em casa pra encontrar uma mulher de verdade?

Mulher de verdade? Ela se acha uma mulher de verdade porque sabe abrir as pernas e cavalgar feito uma cachorra no cio? Pensei comigo!

- Hoje vou te dar a melhor noite da sua vida!

É verdade, a melhor noite da minha vida! Descobrir que sou corno e ainda por cima gastei quase mil reais com essa... Essa morena gostosa! Sim ela sabia o que fazia, e não me arrependo nem um pouco. No dia seguinte, aquela mulher que me possuía feito uma doida, já sabia de toda minha vida enquanto transávamos. Por fim, sai de lá satisfeito e me reconciliei duas horas depois com Camila.

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O chá acabou faz tempo, a Julia está dormindo, coisa que eu deveria estar fazendo.

Estamos separados há quase um ano e morando sob o mesmo teto, ela tem o dinheiro dela, eu costumava ter até torrar meu com a depressão. A Julia tem sido uma civil em meio a essa guerra, discussões e ofensas cabeludas. As agressões partem sempre de Camila, faço de tudo para não ser o vilão, me defendo correndo dela pra não fazer uma burrada irreversível, chega a ser até uma situação hilária.

São duas horas da manhã, ela acabou de chegar, o “namoradinho” dela trouxe-a de moto. Eu odeio o jeito que ela me olha quando entra, sorri com desprezo, erguendo a sobrancelha como deboche. Acho que ela se satisfaz com minha tristeza, eu ainda amo, e se estou nessa situação é porque amo ainda mais minha filha, então o jeito é aceitar essas condições lastimáveis. 



Lá vem ela, entrou... Chorando?

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Após conversar com Camila sobre sua traição, omiti o que fiz durante a noite, disse que havia dormido em um hotel e nada mais... Menti!
Ela foi até a casa de sua irmã Lurdes, que tomara conta de Julia durante o nosso jantar... A merda da comemoração de aniversário de casamento!

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Dizem que depois da primeira merda que você faz, não vê tanta maldade na segunda, porque se erra na primeira vez, o erro não deixa de ser erro, isso é o que ambos pensávamos e não compartilhávamos.

Fiz um tanto mais de chá. Não era para mim, mas sim para a vadia do quarto ao lado.

É dessa vez a coisa foi seria, toda jogada na cama, espero que Julia não acorde.

~&~

Após se passar quase seis meses da traição dela, da minha traição. Encontrei em minha calça social o telefone de Amanda, a garçonete da choperia. Estava meio apagado por ter sido lavado junto com a calça, mas era visível o número. Não resisti e liguei.

Ela me atendeu meio receosa, mas logo se lembrou de quem se tratava “O cara triste da mesa treze”, treze... Por essa nem Zagalo esperava! Conversamos por quase meia hora e marcamos de irmos a um barzinho na zona sul da cidade, aonde jamais iria com Camila que era muito fresca, odiava lugares rústicos.

 No sábado seguinte após o telefonema, deixei Julia com minha mãe e fui buscar Amanda em sua casa.

Ao chegar enfrente a seu sobradinho, toquei o interfone onde uma voz rouca me atendeu asperamente. Era seu avô, Guilhermino de noventa e poucos anos, que me encheu de perguntas até chamar por Amanda.
Abri a porta do carro e ela entrou, até chegar do outro lado um aperto no coração de estar cometendo um erro, ela tornou essa sensação ainda mais forte ao indagar:

- O que estamos fazendo não é certo, você é casado, mas mesmo assim quero muito sair. Não quero atrapalhar o seu relacionamento, mas acho que já é tarde pra dizer isso.

Sim, já era tarde! Dei um sorriso e fui me aproximando, coloquei a mão em sua face e a beijei, ela retribui com um olhar muito safado. Sexo, sexo, sexo, era apenas isso que eu pensava ao olhar aquele corpo, aquele vestido em “V” na costa, aqueles seios enormes escondidos atrás daquele pedaço de pano, não era vulgar, era muito sexy, que mulher!

“A mulher é igual ao homem quando se trata de sexo, sente o mesmo prazer de formas diferentes, a mesma atração, o mesmo assédio, a mesma entrega, e a maioria se fecha fazendo do sexo algo atormentador e monstruoso, deixando seu parceiro insatisfeito. O Pensamento de uma mulher é um oceano de segredos e desejos, de fantasias e vontades, algo que um homem nem imagina. Uma mulher traída é capaz de inúmeras formas de se vingar sem demonstrar qualquer ressentimento.”

O Bar onde fui visitar era uma espécie de restaurante com música ao vivo. Não era como um comércio tradicional, esse estava mais para uma residência com um bar muito bem montado no quintal, onde as maiorias das mesas reservadas ficavam no porão. Mais ao fundo daquele local parecido com uma taverna tinha um lindo piano ao dispor dos visitantes.

Realmente lindo o lugar, entramos e fomos recepcionados por uma senhora muito cativante, que nos acompanhou até a mesa próxima ao piano.
Olhei os vinhos a disposição, puta que pariu pensei, ao ver um DRC Romanée Conti 2003, é um dos vinhos mais caros a venda, o valor chega a quase $5.000 dólares, por apenas R$ 150,00 reais, falso falei em voz alta, pedi um Chandon mesmo junto de uma tábua de picanha.

“Olhos que se prendem, mãos que se entrelaçam, e um pé descalços subindo pelas pernas por debaixo da mesa aguçando os sentidos de um predador voraz.”

Na melhor parte daquela noite, a picanha acebolada com pãezinhos de alho estava servida a mesa e interrompendo meu êxtase, mas não foi maior que o meu desespero e raiva ao ver Camila entrando naquele local acompanhada.
Ela estava acompanhada de Everton, o mesmo cara com quem me traiu. A senhora acolhedora os acompanhou até uma mesa próxima a nossa, Camila me viu... Eu comentei!

- A lá a vaca da minha ex-mulher!

Camila: - A lá o corno do meu ex!

Já próximos da minha mesa não contive a raiva:

- Então esse é o filho da puta com quem você me traiu, e pelo jeito continua.

Camila: - Pelo jeito você não é tão diferente de mim! Quem é a vadia?


Amanda: - Vadia não, sua cadela!


- Quer saber Amanda, vamos sair daqui, o ar ficou irrespirável!

Camila: - Luís volta aqui! Eu ainda não terminei.

- Não, porque sou eu que estou terminando! E quer saber, estou adorando essa nova fase.

Menti mais uma vez!

Paguei a conta, pedi para embrulhar para viagem a picanha, e mandei pra puta que pariu a piranha.

Amanda meio assustada e tremula, me pediu desculpas... Desculpas? Ela não tinha que pedir desculpas, então a beijei tão fogosamente, ela me apertou tão excitada, fomos para outro lugar, um rio próximo dali, pensei em inúmeras safadezas, mas o que fizemos foi muito melhor.

“Ela me deu a mão, caminhamos pela beirada do rio tomando a garrafa de vinho, contou-me sua história de vida, seus medos e desejos. A noite estava fria e estrelada, o som da queda d’água estendia-se por centenas de metros, dava para avistar outros casais sobre a ponte. Entramos em uma rua escura e silenciosa, Amanda me pegou pela gola, me desejando, me possuindo, e eu a devorando. Me deu a costa e levantou seu vestido, me deu muito mais prazer, me deu seu corpo todo nu, efeito do vinho, efeito da cadela, efeito após o desespero.”

Nos amamos a noite toda em um motel luxuoso, transamos até o sol raiar, até o domingo implorar por descanso.

~&~

Depois de entregar o chá em seu quarto, Camila me olhou com olhos de perdão, lágrimas verdadeiras, eu apenas lhe dei a costa, não zombei, acredito que ela esteja pagando por esses 3 anos de traição de ambas partes.

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